terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dia Nacional do Samba

Hoje é o Dia Nacional do Samba, cuja data é a mais esperada do ano pelos simpatizantes do mundo sambista. Afinal, nada melhor que se ter um dia “oficial” de homenagens a um ritmo autenticamente brasileiro.

Todo o dia 2 de dezembro fica para história. E esta história recomeçou a ser escrita há cerca de alguns anos atrás, quando Marquinhos de Osvaldo Cruz, através do movimento “Acorda Oswaldo Cruz” reinventou o trem. Nos idos da década de 20, o lustrador de móveis, Paulo da Portela, que morava no mesmo bairro, se reunia com alguns músicos de lá e tocava num vagão de trem, a caminho da Zona Norte. Daí, surgiu o tão falado, Pagode do Trem.

Quando Paulo da Portela lotava com outros bambas um vagão de trem para cantar o samba e desencantar a polícia, nos anos 20, o ritmo era descriminado e os poucos que aderiam, perseguidos. Mas, nesta terça-feira, Dia Nacional do Samba, os vagões sairão cheios da Central para Oswaldo Cruz, no ritmo de tamborins e repiques, sem se preocupar com a repressão.

O Trem do Samba reunirá, pela 13ª vez, cariocas de nascimento ou coração e percorrerá a cidade com o canto da cuíca, o batuque do surdo e a voz do Brasil na lembrança de Candeia, cuja morte, em 1978, completa o trigésimo aniversário. Ele é o grande homenageado desta edição, mas o trem também reverencia o compositor Luiz Carlos da Vila, morto há dois meses, e Cartola, que comemoraria 100 anos em outubro.

Junto a Candeia e Cartola, Nelson Sargento compõem a primeira tríade do samba. E, aos 84 anos, é o único que ainda canta as venturas e dissabores da vida para mostrar que o samba agoniza, sim, mas não morre.

– Não morre porque a gente não deixa e a presença do público é sempre grande. O show na Central é uma confraternização dos grandes compositores em saudação a Oswaldo Cruz, o berço da Portela – define o compositor e cantor, lembrando Candeia, que cresceu e aprendeu a viver o samba no bairro. – É um tributo a Madureira, o grande reduto do Candeia. Ele foi um daqueles compositores que amaram a Portela de coração e deixou uma lacuna imensa.

Segundo Marquinhos de Oswaldo Cruz, criador da festa, o trem foi o responsável por fazer a massa comemorar o Dia Nacional do Samba

– Antes, não havia comemoração – garante Marquinhos de Oswaldo Cruz, criador da festa. – É o único dia no qual a cidade inteira se junta, e desde o início tem sido assim. O grande barato é o samba conquistando espaço pela música. A Dona Ivone Lara, por exemplo, não fazia show nenhum nesse dia.

Neste ano, porém, assim como nas edições anteriores, a compositora e intérprete estará presente desde a concentração até, com alguma sorte, a parada final, em Oswaldo Cruz, bairro do subúrbio onde haverá mais três palcos e cerca de 20 rodas de samba. Também se apresentam Tia Doca, Nelson Sargento, Moacyr Luz, Almir Guineto, Mauro Diniz e Dona Ivone Lara.

Confira a programação

A partir das 17h, bambas começam a se encontrar na Central do Brasil, para a concentração antes das saídas dos trens, onde um palco será montado com shows do próprio Marquinhos e das Velhas Guardas das escolas de samba da Portela, Império Serrano, Mangueira e Vila Isabel.

Após as apresentações na Central, quatro trens darão partida, rumo a Oswaldo Cruz, para continuar a festa. O primeiro sairá às 19h e os outros a cada 20 minutos. Na chegada em Oswaldo Cruz, a turma se divide em três palcos, onde shows vão durar até o dia raiar.

Para atravessar a cidade no trem do samba é preciso apenas 1 kg de alimento não perecível para ser trocado pelo ticket na bilheteria da Central do Brasil. Os alimentos arrecadados serão doados para o Banco Rio de Alimentos, do programa Fome Zero.

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